@motite: Scooter, um dia você terá um.

Entenda o scooter e a diferença para a moto.

A melhor definição de scooter é que parece a sandália Havaianas dos veículos motorizados. Um dia você terá um na garagem da mesma forma que já faz com o chinelo mais conhecido do Brasil. Mas muita gente ainda confunde scooter com moto e são veículos com características muito próprias.

Motos e scooters tem duas rodas, rodam no asfalto e são muito parecidas, mas as semelhanças acabam aí!

O que é um scooter, afinal?

Tudo começou lá atrás, depois da Segunda Guerra Mundial, que deixou a Europa arrasada e com necessidade de se locomover. Na Itália, uma fábrica chamada Piaggio fez o esboço de um veículo pequeno, fácil de pilotar, de mecânica simples, econômico e resistente. Como tinha uma traseira grande, que lembrava uma vespa, ganhou o nome de Vespa. Daí em diante virou História.

A Vespa chegou a ser um dos veículos motorizados mais vendidos no mundo, hoje está por toda a parte e virou quase uma religião. Só que tinha alguns problemas práticos de projeto, como o câmbio no punho esquerdo e a assimetria do conjunto motor/câmbio que a deixava muito instável. Quando os japoneses transformaram a Vespa nos atuais scooters a febre se espalhou pelo mundo como catapora em jardim da infância.

 

Nas grandes cidades pode-se ver estacionamentos lotados de scooters e, apesar de no Brasil ter chegado em 1994, pela Caloi/Suzuki e pela Yamaha, só nos últimos 10 anos é que a febre se consolidou depois que a Honda decidiu entrar de sola no mercado. Para não sair mais!

Não é a mesma coisa!

Só que scooter não é moto! Vou mostrar as principais diferenças entre os dois veículos:

– Moto tem quadro tubular; scooter tem chassi monocoque estrutural.

– Moto tem pedaleiras, scooter tem assoalho.

– Moto tem o tanque de gasolina na frente do piloto; no scooter fica embaixo do banco ou no assoalho.

– Moto tem câmbio seqüencial; scooter tem câmbio automático por variador.

– Moto tem rodas de grande diâmetro; scooters tem rodas pequenas.

– Moto tem distribuição de peso equilibrada; scooter tem concentração de peso na traseira.

– Moto tem embreagem; scooter não tem embreagem.

– Moto se pilota montado; scooter se pilota sentado.

– Moto tem efeito redutor do câmbio; no scooter é muito imperceptível.

– Na moto a suspensão tem grande curso; o scooter tem curso de suspensão pequeno.

As principais pontos a favor dos scooters são:

Versatilidade. O scooter chega até mesmo a substituir o automóvel em situações bem inusitadas. Graças ao porta-objeto sob o banco, e aos bauletos opcionais, pode-se transportar muita carga. Alguns modelos contam ainda com ganchos para levar sacolas. Eu já carreguei as compras da feira e supermercado com este veículo.

Facilidade de pilotagem. Por ter câmbio automático não é preciso trocar marchas, basta acelerar e frear. Esse sistema, mais o escudo frontal, ajudam a preservar os calçados, ao contrário do câmbio das motos que deixa uma marca típica. Além disso, com os dois freios acionados pelas mãos o piloto se sente mais seguro para colocar os dois pés no chão na hora de parar o scooter, porque nas motos é preciso manter o pé direito no freio traseiro. O comando dos freios nas mãos contribui muito para o aspecto de facilidade, porque lembra o sistema das bicicletas.

Aparência mais “elegante”. Não é novidade que a imagem do motociclista está arranhada, por culpa de uma minoria que pilota como se fossem loucos. Quem usa uma moto apenas para o transporte individual de casa para o trabalho ou escola, acaba sendo confundido com os cachorros-loucos e pagando caro por essa mistura. Como o usuário de scooter ainda é (por enquanto) um cidadão mais tranquilo, se diferencia dos “motoqueiros”. Parece que isso não significa nada, mas é nítida a escolha do scooter para não ficar com “cara de motoqueiro”, principalmente pelas mulheres, que aderiram rapidamente a este veículo.

É econômico. A maioria dos modelos do mercado e os mais vendidos ficam na categoria entre 110 e 160cc, com motores de um cilindro, alimentados por injeção eletrônica e muito econômicos. Alguns modelos chegam a rodar cerca de 40 quilômetros com um litro de gasolina. Como existe limitação de espaço, na maioria dos modelos o tanque de gasolina é pequeno, por isso precisam ser econômicos e garantir uma autonomia média razoável.

Tem diversas categorias. Apesar de os pequenos serem os mais vendidos, hoje no Brasil podem-se encontrar scooters até de 650cc. Essa variedade permite escolher o que mais se encaixa no perfil do usuário. Com scooter acima de 200 cc já é possível viajar com segurança e conforto, inclusive com garupa.

A partir destas diferenças é preciso entender como é a melhor forma de pilotar um scooter, que exige uma postura muito diferente da pilotagem de moto.

Em primeiro lugar a frenagem: como nos scooters a distribuição de massa é acentuada no eixo traseiro, é preciso usar e abusar muito do freio TRASEIRO. Além disso, o efeito redutor do câmbio (freio-motor) é muito discreto e quando está em desaceleração ele entra em uma espécie de ponto-morto. É preciso ficar esperto especialmente nas descidas. Deve-se usar sempre os dois freios ao mesmo tempo, mas ao contrário das motos, usa-se o freio traseiro com mais intensidade. Seria algo como 50% em cada manete, enquanto nas motos o freio dianteiro é bem mais solicitado. Ah, parece uma enorme bobagem, mas no scooter o freio dianteiro é o da mão direita e o traseiro é o da mão esquerda. Muita gente não sabe ou confunde!

Curvas – Scooter não tem o tanque de gasolina entre as pernas, como nas motos, por isso não dá para usar a pressão das pernas para auxiliar nas curvas. Pra complicar, também não tem pedaleiras. Por isso a pilotagem do scooter é 100% no guidão. O uso do contra-esterço é fundamental, porque o guidão assume quase o mesmo papel de um volante do carro. A técnica do contra-esterço está explicada AQUI.

Além disso, como o efeito redutor do câmbio é quase nulo, nas curvas o scooter passa uma sensação de que está “solto”. Para reduzir essa sensação é bom manter uma aceleração constante durante a curva ou desacelerar só quando já inserido na curva.

Garupa – Se na moto, que tem suspensão e rodas maiores, levar alguém na garupa já causa desequilíbrio, nos scooters é um tremendo desastre! Eu recomendo nem sequer levar ninguém em scooters pequenos (até 150cc), porque desestabiliza ainda mais. Se a massa já é concentrada no eixo traseiro, com garupa fica mais ainda e o freio traseiro torna-se mais atuante. Reduza a velocidade ou prepare-se para ver o garupa voar nas valetas e lombadas!

Buracos e lombadas – As rodas de menor diâmetro (até 12 polegadas) são mais sensíveis aos buracos. Por isso olhe bem por onde passa. Se perceber que vai impactar no buraco ou lombada levante um pouco (só um pouquinho mesmo) do banco e apoie o peso nos pés. Isso alivia a pancada especialmente na roda traseira.

Tipos de scooter

Hoje já surgiram segmentações dentro da categoria de scooters. Inclusive a moda agora é dos scooters tipo motoneta, com rodas de 16 polegadas, assoalho plano e um grande pára-brisa, como a Dafra Cityclass 200 e as Honda SH 150i e Honda SH 300i. Em uma recente viagem à Itália eu usei a versão SH125 da Honda e viajei por quilômetros com a mulher na garupa. É mais estável e confortável que um scooter normal. E passa mais sensação de segurança.

Além desses tipos de rodas grandes, outro que está dominando as ruas europeias é o triciclo, com duas rodas na frente e uma atrás. Graças a um complexo sistema de treliças e ball-joints essas rodas inclinam como se fosse uma moto normal.

O mais importante sobre scooters é entender que ele não é igual a uma moto e que deve ser usado, respeitado e entendido como um veículo que tem aspectos particulares de pilotagem. Ah, também não é brinquedo! Apesar de pequenos e fáceis de pilotar devem sempre ser pilotados com equipamento de segurança e jamais entregar na mão de pessoas não habilitadas.

Leia também: Scooter, irresistível, clicando AQUI.

Tite Simões – Jornalista e instrutor dos cursos ABTRANS e SPEEDMASTER, contato: info@speesmaster.com.br

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